Educação como Transformação: o que o projeto Voz Ativa tem a nos ensinar

No Brasil, a evasão escolar atinge milhares de estudantes por ano. Em muitos casos, os sinais estavam ali — silenciosos, dispersos, não observados — até que a escola se tornasse um lugar sem volta. 

É nesse contexto que surge o Voz Ativa, um projeto que alia escuta ativa, inteligência artificial, jogos digitais e análise de dados para antecipar e compreender os fatores que levam ao afastamento do estudante da escola. Desenvolvido pelo Instituto Multiplicidades, o projeto transforma a escola em um laboratório de pesquisa viva e ação concreta, atuando no que o sistema educacional mais precisa: decisões baseadas em evidências humanas. 

Como afirma Alysson Gama, diretor executivo da U4Hero e responsável técnico pela tecnologia do projeto: 

“O estudante tem a possibilidade de expressar suas preocupações, sonhos e anseios. O sistema coleta essas informações, filtra e as organiza pedagogicamente, oferecendo ao educador não apenas a visão dele sobre o estudante, mas também a visão que o próprio estudante tem de si mesmo.” 

Tecnologia e empatia: uma revolução emocional na escola 

A proposta do Voz Ativa não é apenas tecnológica. É emocional. O projeto utiliza jogos digitais com função analítica para criar uma linha direta de comunicação entre os sentimentos dos alunos e os educadores. 

Segundo Alysson: 

“O papel da inteligência artificial aqui é entender, aprender sobre o estudante e propor perguntas personalizadas que aprofundam o processo de investigação socioemocional.” 

Com esse mecanismo, a escuta deixa de ser reativa — quando o problema já aconteceu — e passa a ser preditiva, identificando sinais de risco antes que a evasão ocorra. O projeto transforma a lógica escolar de “apagar incêndios” para uma ação preventiva e acolhedora. 

Grafos sociais e a revelação do invisível 

Ao utilizar análise de grafos, o projeto amplia o olhar do educador para além do indivíduo. Ele revela relações, dinâmicas de grupo, sentimentos coletivos e contextos ocultos no cotidiano escolar. 

Alysson explica: 

“Hoje ainda é praticamente impossível detectar as vulnerabilidades ocultas dentro do ambiente escolar. Com a nossa tecnologia, conseguimos olhar para a coletividade da escola, o que nos permite ter abordagens muito mais assertivas.” 

Essa abordagem permite compreender quais turmas estão mais fragilizadas, quais estudantes estão isolados ou sob risco, e quais relações precisam ser fortalecidas — oferecendo ferramentas reais para intervenções humanizadas.